FRANCO GRAVADOR
Rua da Vitória, Nº40 - Lisboa
(mapa)

É sabido que dentro de cada português existe um pequeno funcionário público dado a burocracias, longas pausas, selos brancos, minutas, vinhetas e muita papelada.
Para descobrir a predominância do gene FP não é preciso ir lamber os compêndios, basta medirmos o amor que temos pelo material de escritório, a paixão pelos economatos, o carinho pelos carimbos, a tara promiscua por aquela almofada para molhar o dedinho que passa a página, a relutância com que emprestamos minas de lapiseira e pelo frequente uso da frase “quem é que me tirou o agrafador?”

A culpa não é senão dos pais, do governo e de Deus (claro está) mas ainda mais dos professores que nos ensinam logo a carimbar com bocados de batata. A partir dai, está o caldo entornado, Carimbar, torna-se uma obsessão inconsciente.

Ora, quando entrei no Franco Gravador, achei que só ia encontrar plaquinhas e emblemas, sinetes para lacre e medalhas mas eis que a D. Dulce me mostra o que é doce, segredando qualquer coisa como “ah, e fazemos todo o tipo de carimbos”…

Esqueci tudo; a idade da loja (96 anos), o nome do cão para gravar na medalhinha em forma de osso, a conjuntura sócio-politicó-ecocómica, a galáxia… e só me imaginei a carimbar tudo e todos, de todas as maneiras e feitios, com centenas de carimbos de metal ou de madeira, com ou sem almofada incorporada, com a data, com o nome, com a cara, com a frase, chamar pela senha, mandar para despacho, encaminhar para a tesouraria, sair do trabalho às 5 da tarde, ahhh minha rica Função Pública.


































Murphy's first rule should go like this "Everyone (in the world) likes to stamp". Whether you are a child playing with potatoes and ink or you are Kafka working in a bureaucratic hell, one thing is sure, everyone loves to punch the paper with style. This almost-centenary-shop sells stamps, pads, seals, signs, and all you need to engrave your identity anywhere you want it. Murphy would be jealous.

4 comentários:

  1. Um trabalho importante para a nossa cidade....e o comércio tradicional vai desaparecendo com os seus proprietários idosos. Deixo aqui uma dica de um lugar/taberna na Rua Cláudio Nunes no lado direito de quem sobe para o Cemitério de Benfica. Nada de requintes....mas uma paragem no tempo desde que me recordo.

    Cumprimentos

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  2. Uma sugestão para depois de lisboa uma ingressão no Portugal profundo.
    Seguro que muitas surpresas destas vão aparecer e dislumbrar quem aprecia e viaja no tempo dentro do tempo.
    Já me dislumbrei com algumas por aí...

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  3. Recorda-me os anos 60...o Franco gravador - santo deus foi lá que mandei fazer uns carimbos

    Obrigado Mami

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  4. Esta arte tão antiga:
    Saber gravar com amor
    Não morrerá de certeza
    Com o Franco gravador.
    Alguém vai continuar
    A gravar frases em chapas
    Enquanto houver romarias,
    Procissões, padres e papas.
    De carimbos eu bem gosto
    Tenho um até bem fixe
    A pedir ao Deus do céu
    Que o Gaspar não nos lixe.
    Que gaguejando nos rouba
    Sem piedade nem dó
    Co'os carimbos das Finanças
    Que o Franco gravou só.

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