ESTÁDIO
Rua da Misericórdia, Nº 11 - Lisboa
(mapa)


Mal sabia o super conservador e romântico poeta Feliciano de Castilho (aquele que andou às turras com os jovens escritores da Geração de 70, Antero, Eça e por ai fora…) que a casa onde nasceu iria ficar conhecida por ter uma das tascas mais castiças da cidade.

O Estádio não tem néons nem reclames e fica num daqueles passeios tão largos que andar de mãozinha dada é uma roleta russa, mas quem é da casa vai lá dar de olhos fechados.

Abriu em 1901 (lê-se mil nove e um) e desde então muito pouco mudou. É aqui que vem todo o tipo de cliente comer daquela comida que se bebe, ver o telejornal, discutir o Conceito, treinar anéis de fumo, fazer estágio antes de uma noitada e devorar a carcaça mista de presunto e queijo. Para se pedir uma procissão de cervejas só tem que se chamar o Sr.Ruben, que deambula por entre as mesas e a velha caixa registadora (nada de tocar se não quer aprender o verdadeiro português de Camões). Atrás do balcão fica o Sr.Fernando, é a ele que se vai pedir papel higiénico, quando a saudade aperta.

Para além dos quadros, dos pormenores românticos do tecto, dos posters de eventos (olha o Tiago vai tocar não sei onde) e da interessantíssima fauna, não se pode perder a máquina de pinball do tempo do “Justiceiro” e a incrível jukebox, que de vez em quando entra em despique com alguém mais fadista e faz uns remixes do Embuçado até se ir lá dar um jeitinho.

E quando batem as duas badaladas (naquele relógio que nunca sai das 5:45) acaba-se a pândega (quando acaba!). Até porque não se quer acordar a freguesia, sobretudo certos poetas românticos com mau feitio.


















If you don’t visit Estádio, you will never know what it really feels to be portuguese. This café-bar is the real thing! Here you can find locals having beers, smoking, watching Tv, singing along with the kitsch jukebox or playing with the old pinball machine. It’s more than one hundred years old and it’s full of stories to tell. If you are looking for the place to start a weird and wonderful night, you’ve just found it!

5 comentários:

  1. Fantástico blog y maravillosas fotografias....eu adorei!.

    ResponderEliminar
  2. Fabuloso blogue. E estas fotos fazem-me lembrar as excelentes noites que passei no Estádio.

    ResponderEliminar
  3. muito bom..!! adorei o texto e as fotos (de quem são, já agora?) ...saudades do velho manel, sempre resingão, a aviar cervejas por entre as mesas. só por causa disto, um dia destes volto ao estádio...

    ResponderEliminar
  4. ora o texto e as fotos são aqui da arqueolojista =) o sr. manuel lá continua rezingão mas cheio de coração! toca a frequentar o sitio! aqui somos nós que jogamos :p

    ResponderEliminar
  5. muitos jogos em casa... joguei neste estádio mais de 20 anos seguidos. muitas memórias do sr manel (que infelizmente já morreu), do sr pena (que infelizmente também já morreu), sobrando o dono, sr conde, e, mais recente, o sr fernando, sereno, aloirado, seco mas doce, como um bom tawny velho.

    o sr manel, salazarista, era a alma do estádio, era o porteiro (depois das 2...), era o segurança, era o barman, era o machão castiço, quasi parecia o dono. mas também era o mais irritável empregado de mesa que conheci. fervoroso no ataque à medioLcridade política, já falava em 1992 como se estivesse já em 2012... :) um homem de visão, percebia muito bem o nível de corrupção política / económica / social em que já estávamos a mergulhar... numa linha medina carreira, sem carreira e assumidamente salazarista. era tão saudoso que dividiu a sala em duas partes. escusado será dizer que ele ficou com o lado direito da sala... restando para o seu colega de sempre, o sr pena, o lado esquerdo, já que era um comunista também assumido, inclusivamente comprador do jormal Avante, sempre dobrado e arrumado junto à caixa registadora, a da fotografia... era um fartote de rir aquela dupla quando se pegava ! acho que um dos grandes dramas do sr manel era o facto de ser muito parecido fisicamente com o álvaro cunhal. imaginem a contradição que era naquela cabeça ! mas apesar de tudo, acho que era ainda isto que o aproximava mais da esquerda...

    sempre na competição política saudável e normal, por vezes um pouco viril, mas no final do dia os dois entendiam-se muito bem enquanto colegas, eram um exemplo de camaradagem. eu entendia-me muito bem com os dois e gostava muito dos dois. espero que estejam bem.

    Quantas vezes ofereci 80 contos pela jukebox e


    A fazer o contraponto do lado direito do está

    Foram tempos giros, muita giros.

    ResponderEliminar